Me encontro perdida em meio as tentativas de mudar, me encontro fuçando o passado, revivendo memórias, embriagando-me no presente, construindo o futuro. Algumas horas me assusto com meus atos, com o que acho pelo caminho. Em outros momento contemplo as minhas aventuras, os meus caminhos, os meus passos.
Me encontro catando cacos, tentando reconstruir capítulos, tudo em vão. Para não me perder deixo nos meus caminhos marcas, marcas que me sejam úteis se caso quiser retornar, se caso precisar voltar aqueles velhos caminhos. Não me acho voltando, sempre indo, às vezes parada, refletindo, não gosto de voltar, só se for extremamente necessário, às vezes precisamos reconstruir.
Em alguns momentos me perco, nos labirintos, na escuridão que às vezes encontro, algumas noites são tão sombrias. Alguns tormentos me perseguem, querem roubar a minha paz, me sufocar, me torturar, me defendo, sei me defender.
Tantas vezes me encontro por entre as flores, ouvindo o cantar dos pássaros, respirando um ar puro, tão puro que clareia minha alma. Sentada embaixo de uma árvore frondosa repouso, teço meus sentimentos, sentimentos de amor, de paz, de esperança. Me sinto tão bem, tão acolhida, tão protegida.
Me encontro mergulhada na mais plena felicidade, na mais plena vida. Me alegro com amigos, me acalmo com conversas, me afago no colo da minha mãe, reflito com meu irmão, escuto conselhos do meu pai, me perco nos braços do meu amado.
Me deixo pra trás em tantos momentos, vivo do outro, do amanhã, esqueço pedaços de mim. Às vezes esqueço propositalmente, às vezes não queria deixar-me mas me deixo. Me deixo ser levada, me deixo ser tomada, me deixo. Me vejo abrindo janelas, criando sonhos, traçando metas, sofrendo angústias, me cobrando, me perguntando, me ouvindo.
Em uma determinada esquina, me encontro assustada, acanhada, menina. Em uma outra esquina, surpreendo-me, me vejo mulher, audaciosa, veloz, guerreira, corajosa. Às vezes sentada nas calçadas mendigando carinho, atenção, companhia, amor. Me encontro também nas praças, batendo papo, vendo a vida passar, despreocupada. Estudando, lendo aquele bom livro, me vejo também sentada enfrente ao computador, digitando palavras, frases, não apenas simples palavras, não apenas simples frases, mas fragmentos de mim, pedaços meus.
Me encontro correndo, apressada, sedenta, sufocando. Correndo contra o tempo, querendo acelerar a vida. Me vejo, em meio ao caos, em meio ao louco, ao surreal. Me vejo em meio a paz, a suavidade da paz, me ouço, respiro, me acalmo, reflito.
Me encontro, entregue, rendida, desejando, sonhando, inventando, inovando, buscando, perdendo, ganhando, sofrendo, amando, sorrindo, chorando. Me encontro nas canções de outrora, no cinema, no sofá, nos personagens dos mais lindos livros. Me encontro vivendo, traçando meus caminhos, minhas esquinas, minhas vitórias, conquistas, derrotas. Me encontro VIVA.
